"Se insistirmos em transformar nossas cidades em museus, vamos ossificar a sociedade."

Richard Rochers

29 de março de 2011

ESTUDOS REFERENCIAIS




3.1 PARQUE DO CARAÇA



3.1.1 Contextualização



O Santuário  está localizado na Serra do Caraça, no município de Catas Altas, no Estado de Minas Gerais, emancipado de Santa Bárbara em 21 de dezembro de 1995.(Figura 01)

                               Figura 01:Mapa Rodoviário
                               Fonte: www.santuariodocaraça.com.br

O municipio de Catas Altas se situa aos pés da Serra do Caraça, a uma distância de 120 km de Belo Horizonte, na parte sul da Cadeia do Espinhaço.O clima da região é classificado como subtropical de altitude, com temperatura média do mês mais quente em torno de 22ºC, sendo bastante comum as geadas no inverno. O índice pluviométrico no local é de 1.670 mm.


3.1.2 Histórico



Segundo Abreu (2001), o Irmão Lourenço era um fidalgo português, se estabeleceu na Serra do Caraça no ano de 1770, para a construção da Ermida de Nossa Senhora Mãe dos Homens e fundação da irmandade de mesmo nome.
Com o passar dos anos o irmão não conseguiu levar adiante o seu intento,  e em janeiro de 1822, abriu-se o colégio, resultado de um compromisso de D. João VI com o Irmão Lourenço.
O Colégio do Caraça cumpriu com êxito sua missão educativa até o ano de 1968, quando um incêndio destruiu toda a ala onde funcionavam os dormitórios dos alunos, biblioteca e alguns laboratórios. Após esse episódio, o colégio ficou impossibilitado de continuar com sua principal função, se dedicou apenas à formação de religiosos para a Congregação.
Atualmente, a principal vocação do Santuário é o turismo religioso e o ecoturismo.
O conjunto Arquitetonico que hoje encontra-se foi sendo construido aos poucos, como mostra o esquema cronólogico (Figura 02). Deu-se inicio no ano de 1770, com a construção da Capela Barroca em madeira e dos dois blocos laterais, até a sexta janela, pelo Irmão Lourenço.

Figura 02: Esquena cronologico, desenvolvido pela autora.
Fonte: Arquivo proprio

Em torno de 1826, Pe. Leandro acrescentou mais cinco janelas no bloco à direita de quem entra na igreja e construiu a chamada "Casa das Sampaias". Entre 1860 e 1885, a igreja neo-gótica foi construída em substituição a antiga capela, pelo Pe. Clavelin, assim como a primeira metade do edifício destinado aos alunos.
Entre 1885 e 1889 o Pe. Boavida terminou a construção da ala dos alunos e finalizou as obras iniciadas pelo Pe. Clavelin. Desde então pequenos acréscimos foram feitos de forma a atender as necessidades do Santuário, mas nenhum teve a importância dos edifícios já citados.
O Conjunto Arquitetônico, composto pela igreja, casa e claustro dos religiosos da Congregação da Missão, catacumbas, ruínas do antigo colégio, museu, biblioteca, pousada e anexos de serviço, foram tombados pelo SPHAN em 1955. (ABREU, 2001)

3.1.3 Análise do Entorno



O Santuário do Caraça está inserido no meio da Serra do Caraça (Figura 03). O Parque Natural é composto por númerosos sítios naturais, grutas, gargantas, córregos, riachos, rios, cachoeiras, matas e bosques e tem Tombamento Paisagístico pelo IEPHA desde 1989. (ABREU, 2001).

Figura 03: Vista aerea do Santuario do Caraça.
Fonte: www.flickr.com.br

A figura 04, mostra a localizacao e as distancias entre os diversos atrativos do Parque do Caraça e o Santuario. Nas figuras 05, 06, 07 e 08 pode-se ter uma idéia da paisagem do entorno do Santuário.


                                          Figura 05: Cascatinha      
                                          Fonte: www.santuariodocaraça.com.br

                                          Figura 05: Piscina 
                                          Fonte: http://www.santuariodocaraça.com.br/                                           Figura 05: Capelinha                                                 

                                           Fonte: www.santuariodocaraça.com.br
                                          Figura 08: Tanque Grande
                                          Fonte: www.santuariodocaraça.com.br                        

3.2 POUSADA FLOR DA ROSA



3.2.1 Contextualização



A Pousada Flor da Rosa, está situada na cidade de Crato, em Portugal. Foi restaurada e adaptada para Pousada no ano de 2005, pelo arquiteto Carrilho da Graça.

3.2.3 Análise do Entorno




3.2.3 Análise do Programa

 

 

26 de março de 2011

EMBASAMENTO TEORICO

2.1 A CONTEXTUALIZAÇÃO DOS SEMINÁRIOS RELIGIOSOS NO BRASIL



 “Ao longo de cinco séculos, a Igreja constitui, desenha as cidades e testemunha sua história.” (CASTRO, 2006, p.7).
Segundo Castro (2006), o Brasil dependeu de maneira quase absoluta, desde os tempos coloniais, das ordens religiosas para a educação. A construção da igreja e do Colégio era uma tentativa de reprodução de características da vida européia, deram origem a núcleos populacionais que evoluíram em vilas e cidades.
Os jesuítas tinham grande influencia no governo metropolitano, mas com a Proclamação da Republica , que enfatizou a educação, houve a ruptura entre o Estado e a Igreja, desestabilizando a mesma, que adotou uma nova posição perante a sociedade: evangelizar com o objetivo da igualdade social.
A reorganização da Igreja aconteceu em 1892, com criação de duas províncias eclesiásticas a do Norte e a do Sul, gerando a necessidade da ampliação do numero de religiosos. Entre 1890 e 1930 chegaram ao Brasil 45 congregações de diferentes ordens religiosas, responsáveis pela construção de diversos conventos e seminários.
As ordens religiosas européias que se estabeleceram no Brasil, trouxeram traços culturais arquitetônicos, porém nota-se uma pertinência muito clara as tradições brasileiras nas marcas deixadas nas construções de seminários e conventos.
 Segundo Foucault (2001), a arquitetura dos edifícios religiosos era o reflexo do espírito das congregações, onde a disciplina, o controle e a ordem eram fundamentais.
Conforme Castro (2006), os seminários geralmente eram implantados em terrenos, com áreas bastante amplas, em locais distantes da área central, atendendo as comunidades, geralmente de imigrantes europeus , de fácil de acesso, e em locais de regiões altas e salubres da cidade, que simbolizava uma posição de poder e a sacralização do monumento construído. Hoje essas edificações estão integradas à malha urbana.
As construções formadas por grandes blocos, expressavam de forma clara e objetiva seu uso, edificados em etapas distintas, conforme a necessidade das instituições,  vão se interligando formando um espaço único e guardado contornados por circulações cobertas e abertas em arcadas, uma releitura dos espaços claustrais europeus.
As plantas eram bastante objetivas, com fácil circulação e desenho simples, demonstram a preocupação com a setorização e funcionalidade dos ambientes.
 O programa abordava tanto a moradia quanto o ensino religioso, definido pela setorização das atividades compreendia: uma igreja ou capela, aberta ao publico ou exclusiva da comunidade religiosa; salas de aulas e oficinas; sala de estudos; biblioteca sala de estar e recreação; enfermaria; área exclusiva aos serviços, com ampla cozinha ligada ao refeitório; hall de entrada e recepção junto a uma sala de visitas, local destinado a administração; pátio coberto ou não, ou ambos; e uma sala de orações ou oratório de uso interno.
Hoje com a grande oferta de cursos de teologia e filosofia, e a tendência de moradias menores para religiosos, é possível que os edifícios existentes tornem-se exemplares de uma época.

















2.2 PATRIMONIO CULTURAL


Segundo Brasil (1988), o art. 216 da Constituição Federal de 1988, constitue patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

A preservação dos valores culturais e ambientais caracteriza-se,
crescentemente, como uma tendência da atualidade. A valorização das coisas locais, em contraposição à globalização da economia e da
comunicação, reveste de importância a manutenção de identidades
específicas, que garantam às pessoas a referência do seu lugar.
(SIMÃO, 2001, p. 15)

Preservar um edifício histórico não significa a proteção demasiada como se o mesmo estivesse numa redoma de vidro, mas a integração do mesmo na vida de hoje. “Preservar uma cultura não significa congelá-la. As culturas não são estáticas, e a identidade dos povos muda ao longo do tempo.” (CABRAL, 2006, p.24).
Lina Bo Bardi, utilizava o termo presente histórico para designar o patrimônio histórico, o qual Marcelo Ferraz descreve em uma entrevista :

O “presente histórico” é algo que guarda do passado aquilo que ainda vive, mesmo que hibernado, e você pode fazer aquilo aparecer e viver novamente através do projeto, da ação. Mas sempre está ligado à vida contemporânea, aos usos e necessidades atuais. Agora, aquilo que não serve, não levanta mais, você descarta(...). O “presente histórico” é o presente que traz raízes, memórias. Mas é presente, não é passado. Ninguém vive no passado, assim como, ninguém vive no futuro.(

Existem várias maneiras de se intervir no patrimônio cultural edificado, nesse trabalho será abordado a reabilitação de edifícios históricos e o diálogo entre o antigo e o contemporâneo.


2.2.1 A reabilitação de edifícios históricos



Segundo Puccioni (2001), no âmbito da edificação reabilitação é a adaptação da edificação para um novo uso ou função, sem alterar as partes que são significativas ao seu valor histórico. “O objetivo mais amplo é sempre proteger e preservar o caráter histórico do bem cultural, com as medidas necessárias e legais, mas dentro da adequação para uma nova funcionalidade.” (MARCO, 2007, p.11).
Já no século XIX, o arquiteto francês Viollet-le-Duc (2000) considerava que a maneira mais eficiente de conservar uma edificação histórica é encontrar para ela uma destinação, lhes atribuindo utilizações concretas enquanto arquiteturas, com o objetivo de torná-las úteis à sociedade.
Segundo Choay (2001), a longevidade da maioria dos edifícios se dá pelo uso continuo. Ao longo de sua história, porém, eles sofreram alterações para atender a novas funções, que resultaram na modificação de sua aparência. O que hoje conhecemos é o resultado de sucessivas adaptações que possibilitaram sua sobrevivência.
Para Rogers (2001) esse processo orgânico que as edificações incorporam com o tempo, vem sendo ameaçado pela preservação excessiva, restringindo novos usos e tornando o processo mais oneroso.  “Restaurar velhos edifícios para suas condições originais é um grande erro, pois vai contra a própria natureza da arquitetura tradicional” (ROGERS,2001,p.).
No Brasil verifica-se o desaparecimento ou o arruinamento de importantes edifícios devido à perda de sua função original. São exemplos significativos as fortificações de defesa do território e os conventos construídos no período colonial.
Reabilitar um edifício antigo, atribuindo-lhe um novo uso, diferente daquele para o qual foi projetado, implica considerar a sua vocação espacial para responder ao novo uso proposto, na adequação da sua forma à função.

A obra arquitetônica, por ser uma arte eminentemente utilitária, necessita ser continuadamente usada para sobreviver. As ruínas, em sua maioria, são testemunhos de edifícios que ficaram ociosos. A readaptação é uma das soluções para preservar a obra de arquitetura de valor cultural, mas ela deve atender à vocação específica da tipologia arquitetônica a que pertence o monumento. (LYRA, 2001, p.1)

Para La Regina (1982) o grande desafio é desvincular a idéia  de que edifícios históricos são passíveis de acomodar apenas atividades ditas culturais, como se viver, existir urbanamente não fosse por si só expressão de determinado tipo de cultura. Geralmente, o reconhecimento das edificações como bens culturais impõem usos e funções “dignificantes”, incompatíveis, a princípio, com qualquer destinação utilitária. Isso ocorre porque o valor pragmático não é reconhecido por nossa sociedade como integrante do valor cultural. Assim, as edificações são esvaziadas de sua função original passando a abrigar programas sócio-culturais repetitivos (museus, centros culturais, etc.).

O cerne da questão que envolve a disciplina da preservação atualmente está no fato de que o “patrimônio histórico parece fazer hoje o papel de um vasto espelho no qual nós, membros das sociedades humanas do fim do século XX, contemplaríamos a nossa própria imagem. (CHOAY, 2001, p.240).

Segundo Choay (2001), a autocontemplação passiva e o culto a uma identidade universal converterá a função construtiva do patrimônio em defensiva, recuperando assim, uma identidade ameaçada. A reabilitação do patrimônio histórico consiste em reintegrar os edifícios desabilitados a sociedade contemporânea, propondo novos usos.
Para Rogers (2001), a valorização excessiva do patrimônio histórico é nociva para as cidades, pois se insistirmos em transformá-las em museus, vamos ossificar a sociedade. ”Quando os edifícios tiverem precedência sobre as pessoas teremos herança, não história.” (ROGERS apud. PORTER, 2001, p.80)


2.2.2     O diálogo entre o antigo e o contemporâneo



“Renegar o novo por ser novo equivale a sacralizar o passado e negar à contemporaneidade seu próprio direito à história.” (Alois Riegl)
Segundo Rogers (2001), a história mostra que mesmo os melhores edifícios podem ser modernizados para atender as necessidades da sociedade atual, através de um dialogo entre o antigo e o contemporâneo.  Na década de 80 aparecem as primeiras propostas de intervenção em edifícios históricos compromissadas com o presente, não relegado-o a um segundo plano. Como exemplos podemos citar o novo acesso ao Museu do Louvre, de I. M. Pei e o Museu de Arte Romana de Mérida, de Rafael Moneo, que enfrentam com grande eficácia e sentido de modernidade os problemas de projeto com inserção no lugar histórico.
O presente e o passado passam a traduzir em sua essência sensações e percepções distintas, não se trata de um confronto e sim estabelecer atitudes e mecanismos de projeto que potencializem a interação das partes, que se complementam e se completam. A atuação no contexto histórico só terá algum significado à medida que possa dialogar com o presente, e o projeto será mais ou
menos eficaz enquanto capaz, na sua concepção, de responder à contemporaneidade implícita a toda intervenção arquitetônica.
A intenção de evidenciar a intervenção, não mimetizar nem tão pouco confundir o público em geral, fica clara na citação di Lina Bo Bardi:

 “(...) o único momento legítimo que se oferece para o ato da restauração é o do próprio presente da consciência observadora, em que a obra está no átimo e é presente histórico, mas também é passado e, a custo, de outro modo, de não pertencer à consciência humana, está na história. A restauração, para representar uma operação legítima, não deverá presumir nem o tempo como reversível, nem a abolição da história. A ação de restauro, ademais, e pela mesma exigência que impõe o respeito da complexa historicidade que compete à obra de arte, não se deverá colocar como secreta e quase fora do tempo, mas deverá ser pontuada como evento histórico tal como o é, pelo fato de ser ato humano e de se inserir no processo de transmissão da obra de arte para o futuro.”



A arquitetura legítima não pode ser concebida pela alusão a elementos isolados de edifícios antigos, que representem reproduções formais daquilo a que se referencia, promovendo uma banalização do conjunto como um todo.

As obras arquitetônicas não permanecem irreversíveis, à margem da torrente histórica da vida, mas esta arrasta-as consigo. Inclusive, quando épocas sensíveis à história tentam reconstruir o antigo estado de um edifício, não podem dar marcha à ré na roda da história, pois que têm de alcançar, de sua parte, uma nova e melhor mediação entre o passado e o presente.” (GADAMER, apud. PULS, 2006, p.527).




3 O TURISMO CONTEMPORANEO


O Turismo vem se caracterizando como uma fuga da realidade contemporânea. Destaca-se a busca por destinos turísticos longe dos espaços dominados pela alta tecnologia e pelas influências da industrialização, onde os efeitos como esgotamento físico e psíquico marcam o compasso do dia-a-dia.

Nos nossos dias a necessidade de viajar é sobretudo criada pela sociedade e marcada pelo cotidiano. [...] Sentem necessidade urgente de se desfazer temporariamente da rotina massificante do dia-a-dia do trabalho, da moradia e do lazer, a fim de estar em condições de retomá-la ao regressarem. O trabalho é cada vez mais mecanizado, compartimentado e determinado fora da esfera de sua vontade. Sentem em seu âmago a monotonia do cotidiano, a fria racionalidade das fábricas, dos escritórios, dos imóveis residenciais e da infra-estrutura rodoviária, assim como o empobrecimento das relações humanas, a repressão dos sentimentos, a degradação da natureza e a perda da naturalidade (KRIPPENDORF, 2000, p. 15).

Hoje o turismo é planejado para pequenos grupos, que buscam peculiaridades, diferente da modernidade, em que o turismo era organizado para a massa. Através do deslocamento, o homem vivencia novas experiências, conhece lugares e culturas diferentes e troca conhecimentos com outros povos. “O turismo cria o espaço do encontro, de um lado está a cultura do anfitrião, do outro, está a cultura do visitante.” (TOREZANI, 2007, p.55).
Segundo Brasil (2006), a pluralidade da cultura brasileira e os recursos naturais são as principais características do patrimônio do país, o que pode significar para o turismo a possibilidade de estruturação de novos produtos diferenciados, com o conseqüente aumento do fluxo de turistas. “O grande mérito desta possibilidade é fazer do turismo uma atividade capaz de promover e preservar a nossa cultura.” (BRASIL, 2006, p.7).
O turista busca na convivência com o social e com a natureza uma forma de reencontrar valores, nesse contexto destaca-se duas modalidades do turismo: o  ecoturismo e o  turismo cultural.


2.3.1 Ecoturismo



“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.” (EMBRATUR, apud. RODRIGUES, 2003, p.53).

Segundo Rodrigues (2003) o ecoturismo poderá criar uma nova pratica de lazer associada a preservação da natureza. As pessoas na busca por experiências únicas e exclusivas, interagem com a natureza.
 Existem várias hipóteses para tentar explicar o motivo de as pessoas estarem buscando esse tipo de atividade. As mais comuns são a preocupação com o meio ambiente, maior conscientização ecológica e uma maneira de fugir da rotina e do estresse dos grandes centros urbanos. (ECOTURISMO, 2011).
Segundo a Organização Mundial do Turismo, enquanto o turismo cresce 7,5% ao ano, o ecoturismo cresce mais de 20%. 
Para que uma atividade se classifique como ecoturismo, são necessárias quatro condições básicas: respeito às comunidades locais; envolvimento econômico efetivo das comunidades locais; respeito às condições naturais e conservação do meio ambiente e interação educacional - garantia de que o turista incorpore para a sua vida o que aprende em sua visita, gerando consciência para a preservação da natureza e dos patrimônios histórico, cultural e étnico. (ECOTURISMO, 2011).

2.3.2 Turismo cultural



Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura. (BRASIL, 2006, p.10).

Conforme Brasil (2006), o turista cultural é atraído não apenas pela cultura de cunho erudito, expressa em museus, prédios históricos, em manifestações musicais, cênicas e literárias, mas também pela cultura popular expressa na gastronomia típica, nas festas e celebrações populares, nas lendas, histórias e causos locais, nos produtos artesanais de origem e nos modos peculiares de receber o visitante, que caracterizam o modo de ser e de viver de um povo com suas características.
O uso turístico do patrimônio cultural deve ter como objetivo a manutenção do patrimônio, o uso cotidiano dos bens culturais e a valorização das atividades culturais, sendo de fundamental importância o envolvimento da comunidade, a qual deve conhecer e valorizar o seu patrimônio cultural.
Segundo Barreto (2000), o turismo cultural despertar o interesse da população local, em resgatar o seu passado, em um primeiro momento, muitas vezes, para reproduzir essa cultura para os turistas, mas com o tempo, a comunidade incorpora o desejo de cada vez mais recuperar o seu passado.
A difusão entre os equipamentos para o uso dos turistas e o lazer da comunidade, constituem uma ferramenta para aqueles que querem aprender de uma forma lúdica e prazerosa a historia local e despertar nas crianças o interesse pela cultural, resgatando a identidade local, que esta fragilizada pela globalização, que tem levado a padronização dos gostos, valores, atitudes e expressões.
A recuperação da memória leva ao conhecimento do patrimônio, à sua valorização e ao reconhecimento do seu significado, faz com que o cidadão se identifique com o patrimônio histórico, o qual dificilmente será alvo de vandalismo.














2.3 O TURISMO E O PATRIMÔNIO CULTURAL



O Turismo é uma força de mercado que tanto pode contribuir para a preservação do patrimônio cultural, como também pode provocar teatralização, a exclusão da comunidade e a sustentação de patrimônios escolhidos por interesses oficiais ou econômicos: “As forças de mercado que movem o turismo tendem a transformar alguns sítios históricos em meros cenários e as comunidades que aí vivem em museus performáticos”. (MURTA apud. MENESES, 2004, p.53).
Segundo Lima (2005) a preservação deve ter, além do caráter estilístico, embelezador, uma preocupação social com a população tradicional do lugar, que na maioria das vezes é retirada do local para que o lugar se transforme num lugar de lazer para o incremento do turismo, e acabam sendo expulsas sem o menor apoio do Estado, seja através de políticas públicas que visem o compromisso social dos tombamentos, ou por um planejamento urbano que não leve essa população a uma pobreza maior.
Atualmente estão sendo criados cidades e centros históricos com um interesse estritamente comercial, através de uma tematização, para serem incessantemente usados pelo mercado. Esse processo leva a criação do não-lugar, da não-identidade, pois não há um vínculo com o indivíduo, não se caracteriza como um espaço de produção humana, construído a partir da relação homem-espaço, através dos tempos. São espaços não identificáveis pelo indivíduo que ali vive, não produzem o sentimento de pertencimento, de identidade, já que são voltados para atender a lógica do mercado.

O lugar é, em sua essência, produção humana, visto que se produz na relação entre espaço e sociedade, o que significa criação, estabelecimento de uma identidade entre comunidade e lugar, identidade essa que se dá por meio de formas e apropriação para vida. (CARLOS, 1996, p. 28).

Para evitarmos essa massificação do Patrimônio Cultural, a exclusão de opinião e até mesmo física das populações, o Turismo deve desenvolver novas alternativas para conciliar economia e preservação patrimonial.

2.4 ESPAÇO PÚBLICO DE CULTURA E LAZER



Conforme Silva (2009), os espaços públicos tradicionais estão perdendo a identidade histórica e sendo trocados por grandes espaços interiores, o que tem contribuído para deterioração da qualidade de vida urbana.
Nesse contexto é preciso compreender as praças e parques, como espaços fundamentais na preservação da vida urbana de qualidade, eles garantem de forma gratuita e livremente, o convívio cultural e social dos indivíduos. É o espaço onde se realizam os encontros, a prática esportiva, o sentido do “olhar”, o descanso e a liberdade do não fazer, da contemplação. Esses espaços são fundamentais para fortalecer laços de solidariedade, convivência e socialização entre os indivíduos.
Segundo Marcelino (2007), a articulação e interação entre o lazer e os direitos sociais que podem atender às diversas necessidades humanas, demonstram uma utilização qualificada dos espaços urbanos.

Considero que as experiências no âmbito do lazer em parques públicos facilitam a potencialização de um certo tipo de participação comunitária, porque contemplam territórios da vida urbana, em que grupos/indivíduos co-dividem, num mesmo espaço, maneiras extremamente diversas de apropriação desses lugares, muitos deles de forma mais isolada, outros em grupos, outros ainda interagindo em redes mais ou menos informais. De qualquer maneira, sempre dimensionando novos sistemas de valores, de imagens, de códigos, de formas de pensar e exprimir-se diferencialmente nos espaços públicos das cidades. Suscita-se, assim, uma relação entre espaço/cidade/cidadão de maneira singular. São sujeitos que compartilham, por algum tempo, de uma visão comum de realidade. Interagem por meio de uma rede de significados, conforme as indicações de Geertz (1989), e atuam dentro de um sistema 135 compartilhado de crenças e valores, em que estão presentes algumas formas de solidariedade, de sociabilidade e de respeito pela natureza, por meio de práticas sensíveis experienciadas pelo corpo. (RICHIA, 2003, p.134).

De acordo com o sociólogo Frances Joffer Dumazedier o espaço de lazer é o espaço social no qual acontecem relações específicas entre seres, grupos, meios e classes. Para ele:
...este espaço é determinado pelas características da população que o utiliza, pelo modo de vida dos diferentes meios sociais que o freqüentam. Deverá ao mesmo tempo respeitar, desenvolver as diversidades culturais destes indivíduos para escapar à uniformização, à padronização, ao tédio social. Deverá também reduzir as diferenças, as disparidades, os desequilíbrios culturais que privam algumas esferas sociais de tudo o que a cultura urbana poderia lhes proporcionar.( DUMAZEDIER, 1974, p.170-1)
Para Richia (2003), alguns parques que incorporam a preservação do patrimônio cultural e natural, podem significar a possibilidade de uma vida urbana melhor.  Representam uma contrapartida a padronização que vem sofrendo os espaços públicos do Brasil nos últimos anos, resultado da evolução das tecnologias e do modismo.
Conforme Silva (2009), a partir do momento que o espaço público de lazer passa a fazer parte do dia a dia das pessoas e adquire um significado, a comunidade se sente também responsável por utilizar e cuidar do espaço, deixando de ser apenas tarefa do poder publico.
Mas para que esse espaço ou equipamento de lazer possa ser de fato incorporado pela comunidade, ele deve ser, desde o seu processo de planejamento, discutido com a população a que pretende atender, para que suas aspirações e necessidades sejam respeitadas e essa apropriação possa de fato acontecer. (SILVA, 2009, p.15).
Para Silva (2009), além da interação com a comunidade no desenvolvimento de espaços públicos é necessário elementos que facilitem a conservação desses espaços como: materiais adequados ao ar livre; pisos permeáveis garantindo a drenagem das águas; e principalmente, uma vegetação adequada.